terça-feira, 22 de dezembro de 2015

OPINIÃO



SOME X MUNDIAR (ENFEITIÇAR)
*Por Arleia Jeorgia e Vinicio Nascimento

Arleia Jeorgia e Vinicio Nascimento

O SOME, faz parte do sistema educacional do Pará desde 1980 e hoje através da lei estadual 7806/14 (LEI DO SOME) funciona como Política Pública Educacional do estado. Para se ter uma ideia do crescimento do Sistema de Organização Modular de Ensino – SOME, em 2013 o SOME já atendia a 98 municípios, 413 comunidades, 38.134 estudantes e possuía em seu quadro docente 1.123 professores. Atualmente temos em nossa conjuntura estadual do SOME grandes deficiências devido ao não comprimento da lei 7806/14 por parte da SEDUC, comprometendo assim as estruturas pedagógicas, as condições de trabalho docente, incluindo a falta de segurança nas escolas.
O governo apesar de ter aprovado a Lei Específica do SOME que foi uma luta árdua da categoria, não investe na melhoria do SISTEMA DE ORGANIZAÇÃO MODULAR DE ENSINO – SOME, o que deixa muito a desejar, quando não promove concurso público para suprir as demandas docentes ao longo do Estado, provocando assim a farsa de uma reposição de aulas de diversas disciplinas, deixando o ensino de nossos alunos do campo, das águas, florestas e aldeias indígenas, com uma deficiência perniciosa. Além disso, o governo não constrói escolas do Estado o que faz com que as escolas da rede municipal de ensino fiquem superlotadas e sem espaço para que os alunos do Ensino Médio Modular tenham um espaço digno para bem aproveitarem as aulas que ali são ofertadas. Alunos e professores ficam à mercê da violência e de salas de aula superlotadas nas escolas e muitas vezes espaços sem as mínimas condições da prática educacional.
Não satisfeito com esse cenário de caos na educação paraense e especificamente no SOME, o DESgoverno atual do Pará ainda quer continuar iludindo nossos alunos do campo, águas, florestas e aldeias indígenas, inserindo na marra novos programas para substituir o SOME, um exemplo disso é o PROGRAMA MUNDIAR, o qual sugere substituir o SOME nas comunidades, e onde ao invés dos alunos terem aulas presenciais com professores de TODAS as disciplinas que compõem a grade curricular da base comum como é o real direito dos alunos desse Estado, o governo Jatene quer impor ao nosso alunado assistir “aulas” com a presença de um professor multidisciplinar para orientar as vídeo-aulas, que serão repassadas através de uma televisão ao longo do período de 4h diárias. Se com um corpo docente decente o Ensino no SOME já tem suas dificuldades, e nosso alunado já é prejudicado por esses fatores, imaginem com apenas um docente e uma televisão o que acontecerá com o futuro do Ensino Médio no campo, o que acontecera com o aprendizado dos mais de 38 mil alunos existentes no SOME? É certamente estratégia do governo não formar nossos alunos em cidadãos críticos e conhecedores da nossa realidade, e sim DESINFORMAR ...transformá-los em criaturas alienadas e realmente MUNDIADAS...
Precisamos nos organizar para mais essa batalha, unir os nossos alunos e todas as comunidades e esclarecer IMEDIATAMENTE a todos eles que a substituição do SOME por qualquer outro programa, seja Mundiar, seja EJA ensino médio, seja saberes do campo ensino médio, seja IPTV e a municipalização do SOME em vários municípios, são todos extremamente danosos a educação do Pará. Só fortaleceremos essa luta se buscarmos o apoio das comunidades e de nossos alunos, o que precisa ser feito de imediato, não podemos mais perder tempo, precisamos sair da zona de conforto e lutar pelos nossos direitos de verdade, e não fazermos parte do discurso do governo e sermos também parte daqueles que eles querem Mundiar (enfeitiçar)!!
*Professora Arleia Jeorgea e professor Vinicio Nascimento compõem a Coordenação Estadual do SINTEPP

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